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Suicídio, setembro amarelo e a não disponibilização do Direct

Tempo de leitura: 3 minutos

 

O suicídio é um fenômeno que ocorre desde os primórdios da existência humana. Existem relatos desse fato nas civilizações antigas e nas mais diversas culturas. Os estudos mais estruturados sobre essa questão surgiram bem depois, por volta do século XIX e posteriormente foram aprofundados por alguns pensadores mais ilustres como é o caso de Émile Durkheim (AMADOR RIVERA, 2015).

Na atualidade o suicídio é uma questão de saúde pública mundial e demanda uma atenção urgente dos profissionais de saúde e principalmente de nós, psicólogos. Segundo alguns dados de 2018 foram verificados que aproximadamente 800 mil pessoas morrem no mundo por suicídio anualmente e para cada suicídio existem mais pessoas que fazem tentativas a cada ano (OPAS BRASIL, 2018).

Por definição de Angerami (2017), a sociedade contemporânea ainda possui particularidades que favorecem que a pessoa viva um desamparo existencial. O ambiente triste muitas vezes das cidades grandes, o tédio existencial, a solidão, angústia, e várias formas de dissabores da vida humana.

O suicídio sempre representou e ainda representa um tabu social, seja ele relacionado a questões religiosas, morais e/ou culturais. Por isso precisa ser encarado como um fenômeno complexo e que necessita ser visualizado em todo seu contexto.

Através dessas perspectivas podemos buscar entender campanhas que procuram ajudar e oferecer apoio ao indivíduo que passa por uma situação de ideação suicida. Entre essas campanhas podemos dizer que o Setembro Amarelo é o mais relevante atualmente.

O setembro amarelo surgiu nos EUA, na época em que Mike Emme, de apenas 17 anos, cometeu suicídio no ano de 1994. Ele era conhecido por ser uma pessoa extremamente talentosa e fez a restauração de um Mustang 68 e o pintou de amarelo. O laço amarelo foi definido como símbolo da luta contra o suicídio como efeito desse triste acontecimento (TJDF, 2019).

O objetivo principal do setembro amarelo, desde então, é realizar uma conscientização de forma geral para a população do risco eminente do suicídio e de se estar aberto e atento para as pessoas que possam estar precisando de ajuda nesse sentido.

No Brasil essa campanha ganhou maior destaque a partir de 2015 e começou a ser amplamente divulgada e valorizada pela população e os profissionais de saúde. Com isso vieram as ações de disponibilização do Direct. Ou seja, a população de forma geral se disponibiliza a ouvir pessoas que estejam passando por momentos emocionais difíceis e até mesmo com ideação suicida.

Sabemos que muitas coisas são terapêuticas mesmo que não sejam a psicoterapia propriamente, por exemplo ser ouvido por um amigo em um momento difícil, ter momentos de cumplicidade, sentir-se amado e respeitado, entre outras várias coisas que dependem da subjetividade de cada um. Sendo que a rede de apoio se faz tão importante quanto a própria relação terapêutica.

A atenção que precisa ser dada ao existir essa disponibilização do Direct é relacionada a preparação que a outra pessoa precisa ter ao acolher alguém em crise, pois até mesmo dentro da psicologia é importante que o profissional possua certa experiência e preparação para isso.

Temos ainda outras questões extremamente importantes como o sigilo das informações compartilhadas e como é feito esse acolhimento, que precisa ser realizado sem juízos de valor, sem relação com crenças pessoais e muito menos baseado em aspectos religiosos.

Dessa forma é importante buscar oferecer ajuda de forma racional e efetiva disponibilizando também informações sobre psicólogos e psiquiatras que trabalham com essa questão, oferecem valores sociais e acessíveis ou ainda oferecer informações sobre os atendimentos pelos SUS. Além da divulgação do CVV – Centro de Valorização da Vida que é um serviço essencial (e extraordinário) disponível gratuitamente, número 188.

É importante que a população de forma geral busque oferecer ajuda a quem precisa, pois nós, enquanto profissionais de saúde, temos consciência da nossa limitação e das mazelas sociais que estão presentes em nosso país.

Reconhecemos que o compromisso social da psicologia ainda precisa desenvolver-se muito nesse sentido, mas parece que temos caminhado na direção correta de cumprir um dos principais papéis do psicólogo que é o de dar valor a vida, as vivências e a subjetividade de cada um.

Sobre o autor:

 

Sabrina Andrade Rocha

CRP 04/58475

Psicóloga Pós Graduanda em Clínica Humanista Fenomenológica Existencial e também cursando formação em ACP (abordagem centrada na pessoa).

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