A psicoterapia, serviço prestado por psicólogos em suas diversas abordagens, tem como finalidade promover o bem estar e a saúde mental no cliente que solicita pelo serviço. E, assim como outra relação comercial, o pagamento se torna a moeda de troca do serviço.
Parece óbvio, observando por uma ótica mercadológica, certo? Entretanto, por se tratar de uma prestação de serviço de saúde mental, onde se envolvem ações de longo prazo para se alcançar objetivos das sessões, gera-se a desconfiança, sobre o quanto vale uma sessão, e quando eu devo cobrar o meu cliente sobre o pagamento das sessões.
O caráter subjetivo da psicoterapia, infringe o próprio psicólogo, que se sente mal ao dizer o valor de sua sessão, ou até mesmo por cobrar as sessões atrasadas de seu cliente. Que, por diversas vezes, pode continuar a atender pacientes inadimplentes.
Este mal estar causado, diz respeito a falta de conhecimento do psicólogo com administração e gestão, mas que é disfarçada pela narrativa de “psicologia por amor”, como se o próprio profissional se colocasse um rótulo, que ele não seja merecedor de receber pelo próprio trabalho que executa.
Mas, este assunto, podemos abordar em outra oportunidade.
1. Mas qual o valor real da sessão?
Pense comigo: quando o próprio psicólogo coloca em cheque o valor de sua sessão, o que restará ao paciente, que ao menos conhece ou confia na capacidade da psicoterapia, transformar a própria vida? A própria insegurança profissional, já desvaloriza o interesse do cliente ao procurar por este psicólogo.
Além disso, o dinheiro também se torna um importante material para o setting terapêutico e também para o conhecer o paciente. A forma que a pessoa barganha valores, acusa de ser caro e atrasa pagamentos, também mostra o seu manejo em outras situações.
Dentro da psicanálise, o dinheiro tem um significado simbólico específico. Para Freud, a sessão necessita ser cobrada pelo próprio terapeuta, uma vez que, abordar o tópico de dinheiro gera desconfortos semelhantes a assuntos sexuais. Por mais que as pessoas necessitem falar sobre isso, ficam com receio, vergonha e nervosos ao tocar no assunto.
Implicações essas que afetam o próprio terapeuta, que também se sente desconfortável em cobrar por aquilo que tem direito. Ao terapeuta não abordar este tópico de maneira franca e com naturalidade, esse tópico se torna um fator de estranheza na relação.
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2. O valor de acordo com a psicanálise
Ainda sobre Freud, a sessão precisa ser cobrada devido a importância do paciente valorizar a análise realizada. Quando não existe uma troca entre serviço prestado e pagamento, o paciente coloca em xeque a qualidade da sessão. Enquanto, na verdade, deve-se agregar ao paciente de que todo o processo tem um enorme valor, por ter na terapia construído seu espaço, onde guarda todos os seus segredos (sejam eles benéficos ou maléficos).
Lacan também afirma que o dinheiro na vida da pessoa significa aquilo que nunca é suficiente, mas ainda sim necessário, pois o mesmo traz a pessoa a possibilidade de saciar as necessidades básicas dela, como alimentação, segurança, sexo etc. O dinheiro, pela flexibilidade de ser utilizado, também é uma marca de poder para a pessoa, afinal a partir dele, obtemos o controle de pessoas e situações.
Por isso, observar a forma que o paciente lida com o dinheiro, enquanto atrasar pagamentos, ou até mesmo perguntar se você está precisando de ajuda financeira (como se ele lhe pagasse fosse um favor, e não um compromisso) também diz respeito sobre como ele mesmo lida com as relações de poder com o outro.
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3. Como cobrar um paciente?
Mas, como cobrar o cliente sem se sentir mal? A melhor forma é estabelecendo os valores e formas de pagamento durante a primeira sessão no contrato terapêutico, deixando claro as suas condições de seguir ou romper com a psicoterapia. Vocês podem também discutir sobre o valor da sessão, se o paciente deverá pagar pelas quais ele faltou, fazendo um parênteses sobre desmarcação com antecedência alertada ou simplesmente ausência.
Discutir honorários é sempre uma tarefa complexa, mesmo para profissionais experientes, mas é um assunto mais que necessário a ser discutido. Principalmente por ser algo pouco explorado e refletido em nossa formação!
Não se esqueça que o PsicoManager pode lhe ajudar nessa delicada missão de cobranças! Utilizando nosso sistema, você pode conferir se o pagamento da sessão realizado foi concluído, e caso não for, enviamos por você lembretes e cobranças para seus pacientes.
Quando o assunto é dinheiro, o que o psicólogo deve fazer?
Giovani Lucena
CRP-04/55806
CEO e co-founder da Pajé