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6 Mulheres que Mudaram a Psicologia

Tempo de leitura: 4 minutos

Vamos fazer um exercício rápido. Qual o primeiro nome que vem à sua cabeça quando você lembra de um importante pensador da Psicologia? Imaginou? Agora vamos lá: dificilmente a primeira pessoa lembrada será Christine Ladd Franklin ou Anna Freud.

Quando pensamos nos grandes psicólogos, é natural que nos voltemos para os homens. Afinal, Sigmund Freud, C.G. Jung são nomes de referência na base da formação da psicologia, e não se precisa passar por uma graduação na área para ouvir falar neles. Em virtude de alguns desses nomes, como o  Hall (psicólogo e educador), contribuíram para fomentar a ideia da inferioridade de inteligência da mulher em relação ao homem. Para ele, a educação da mulher poderia reduzir sua fertilidade e impossibilitar a maternidade, levando ao fim da espécie. Com isso, uma obra sobre esse tema, publicada por um professor de Harvard em 1873, teve tanto sucesso que passou por 17 edições nos anos seguintes.

Contudo, mesmo sendo proibida a educação formal a muitas mulheres, que tiveram acesso à universidade negado, perda de patentes e títulos, e mesmo que você provavelmente nunca tenha ouvido falar de várias delas, é inegável dizer que a psicologia é o que é hoje pela contribuição de muitas mãos femininas.

Neste post, relembraremos o importante papel que elas tiveram e têm até hoje na formação e evolução da psicologia. Primeiro, porque no passado foi algo bem restrito a poucas que se desafiaram a mudar essa realidade – e não falamos de um passado tão distante, já que não faz ainda um século que passamos a ter direito a voto no Brasil. Em segundo, porque hoje a mulher representa 87% dos graduandos nos cursos de psicologia, mas ainda recebe 36% menos que psicólogos homens, ocupando o mesmo cargo. Ou seja, a desigualdade reduziu, mas ainda existe.

Em outras palavras, embora muito já tenha sido conquistado, pouco se sabe e se fala da história – muitas vezes invisível – de grandes mulheres psicólogas e pouco se faz quanto a mudanças ainda necessárias.

Historiadores da psicologia dizem que:

 

“é provável que nunca venhamos a saber a quantidade de trabalhos feitos por mulheres mas creditados a homens; quantas notas de pé de página de agradecimento não deveriam se tornar o reconhecimento de co-autorias, quantas vezes a co-autoria não é na verdade autoria ou quantas vezes era o co-autor masculino que deveria ter merecido a nota de pé de página” (Bernstein e Russo, 1974).

Mesmo sabendo que, nos anos 70 e 80, cerca de metade dos doutorados na área da Psicologia eram concedidos às mulheres. Diante disso, vamos a uma pequena amostra delas:

Anna Freud (1895 – 1982)

Filha do famoso psicanalista, foi responsável por expandir as ideias do pai e se fundou a área da Psicanálise Infantil. Nesse ínterim, criou diversos abrigos e educou em escolas para crianças sobreviventes da guerra e órfãs. Sua obra mais famosa, atual e conhecida até hoje, se trata do “Ego e Mecanismos de Defesa”.

Mary Withon Calkins (1886 – 1939)

Pioneira em psicologia nos Estados Unidos, estudou ao lado de importantes pensadores e preencheu todos os requisitos que a teriam feito receber um doutorado. Contudo, Harvard negou o título por se tratar de uma mulher. Ainda assim, foi a primeira mulher a se tornar presidente da American Psychological Association.

Annita de Castilho e Marcondes Cabral (1911-1991)

Psicóloga fundadora do curso de Psicologia na Universidade de São Paulo. Nesse meio tempo trabalhou anos em busca da regulamentação da profissão do psicólogo, promulgada pelo MEC na lei 4.119/62. Isso levou à fundação de vários cursos de psicologia pelo país.

Nise da Silveira (1905 – 1999)

Contrária aos tratamentos agressivos da época, Nise foi responsável por humanizar o tratamento psiquiátrico no Brasil. Dessa maneira, ela se tornou referência no movimento de reforma psiquiátrica. Também foi responsável por introduzir e divulgar a psicologia juguiana no Brasil. Além disso, fundou o museu de Imagens do Inconsciente, um centro de estudos que ajuda a entender melhor a esquizofrenia e como ela se relaciona com manifestações artísticas, como nos trabalhos de Van Gogh. Descubra mais sobre o trabalho dela no filme Nise – O Coração da Loucura.

Zerka Moreno (1917-2016)

Psicoterapeuta norte-americana, foi cofundadora do psicodrama. Ademais, tornou-se também referência no desenvolvimento de psicoterapia de grupo. Criou insitituto Moreno em Beacon, onde liderou atividades grupais e programas de treinamento envolvendo psicodrama.

Laura Perls (1905-1990)

Por fim, a psicóloga alemã que, junto a seu marido, Fritz Perls, ajudou a desenvolver a Gestalt-Terapia. A partir disso, fundou o Instituto Gestalt, onde conduziu atividades. Assim, escreveu, com o marido,  a obra Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the Human Personality (1951).

Essa, como dito, é uma pequena lista. Nós do PsicoManager agradecemos a todas as mulheres que construiram e constroem a Psicologia todos os dias.

Finalizamos com uma importante pensadora dessa temática. E que esta frase seja motivo para que nossa lista cresça a cada ano:

“Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”

– Simone de Beauvoir

 

Acha que alguma outra psicóloga deveria entrar na lista? Conta pra gente!

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Escrito por
José Guilherme

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